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Prólogo
nosso amigo Cristóbal Pera na sua nota a esta edição.
Naaltura, só conhecíamos a frase final de Gabo: «Este
livro não presta. É preciso destruí-lo.»
Não o destruímos, deixando-o antes de parte, na espe-
rança de que o tempo decidisse o que fazer com ele. Aolê-lo
mais uma vez, passados quase dez anos sobre a sua morte,
descobrimos que o texto possuía muitíssimos e muito
apreciáveis méritos. Com efeito, não é tão depurado como
os seus maiores livros. Tem algumas lacunas e pequenas
contradições, mas nada que nos impeça de usufruir o que
a obra de Gabo tem de mais excelente: a sua capacidade
de invenção, a poesia da língua, a narrativa cativante, a sua
compreensão do ser humano e o seu carinho pelas suas
vivências e as suas desventuras, sobretudo no amor. Oamor,
possivelmente o tema principal de toda a sua obra.
Ao considerarmos o livro muito melhor do que o recor-
dávamos, ocorreu-nos outra possibilidade: que odéfice
de faculdades que não permitiu a Gabo terminar o livro
também o tenha impedido de se aperceber de quão bom
era, apesar das suas imperfeições. Num ato de traição,
decidimos antepor o prazer dos seus leitores a todas as
outras considerações. Se eles o celebrarem, é possível que
Gabo nos perdoe. Confiamos nisso.
RodRigo e gonzalo gaRcía BaRcha
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